DR. MANUEL AUGUSTO DIAS DE AZEVEDO

14 DE FEVEREIRO DE 1941
O PRIMEIRO ENCONTRO COM A BEATA ALEXANDRINA

No Boletim de Graças, o Dr. Dias de Azevedo, antes de contar o seu primeiro encontro com a Beata Alexandrina, informa:

Exerci clínica uns dezassete anos sem conhecer a Alexandrina, mas, em Fradelos, ao aconselhar esta ou aquela pessoa muito doente a que tivesse paciência nos seus sofrimentos, ouvi uma ou outra vez dizer: ‘Sim, Sr. Dr., se tivesse a paciência da Alexandrina…’  

Primeira visita à Beata Alexandrina

E continua logo:

Que Alexandrina é essa de quem se fala, perguntei uma vez. “Da Alexandrina de Balasar”, ouvi eu em resposta. No entanto, depressa esqueci a impressão das palavras que ouvira, embora, já um pouco distante fosse conhecida a paciência da nossa heroína.

Em 1940, adoeceu gravemente uma senhora da Trofa, terminando a sua doença com uma glomérola-nefrite e amaurose. Era eu o seu médico assistente, mas sob a direcção de bons médicos do Porto, declarando eles por fim que era incurável a sua doença e próximo o seu fim.

O marido, um daqueles homens que é capaz de ir ao fim do mundo para conseguir uma coisa útil que tenha em vista, foi pedir ao Servo de Deus Pe. Cruz, S.J., o favor de vir ver a doente. Ele veio e teve palavras de muito conforto, prometendo rogar por ela. Mas a doente ia piorando, e de que se lembra o marido? Tendo ouvido dizer que em Balasar havia uma doente muito boa pessoa e de quem se falava com admiração, resolveu pedir-lhe que intercedesse pela cura da sua mulher. Convidou-me a acompanhá-lo e lá fomos nós os dois e outros, em 29/1/41.

Tendo sido recebidos no seu quartinho, lá estivemos a conversar talvez umas duas horas. A conversa era entre uns dois ou três e a Alexandrina, e eu conservei-me silencioso, a observar tudo o que se passava. Pareceu-me que a minha presença impressionava um pouco a Alexandrina e eu achava graça ao seu olhar simples e cândido, mas profundo, que parecia ver tudo o que somos.

No fim da conversa, fiz-lhe umas perguntas a respeito da sua paraplegia e, nessa ocasião, ela ficou sabendo que eu era médico.

Prometeu-nos que ia rogar muito pela nossa doente, mas foi-nos dizendo que era preciso conformarmo-nos sempre e em tudo com a vontade de Deus.

Ao sairmos da sua casa, resolvi ir falar com o pároco, o Sr. Pe. Leopoldino Mateus, porque me parecia ser extraordinária uma criatura que falava como ela falou, atentas as condições em que tinha vivido. Na conversa com o Sr. Pe. Leopoldino, este fez as melhores referências à Alexandrina, dizendo-me que era a melhor auxiliar da sua vida pastoral e que visse se o director espiritual dela – o Sr. Pe. Mariano Pinho, S.J. – me autorizava a assistir às sextas-feiras, das doze às quinze horas, a uns fenómenos que se passavam com essa sua paroquiana.

Pouco depois, fomos a Braga e obtivemos a desejada licença, trazendo um cartão a recomendar à Alexandrina a referida doente da Trofa.  

Rendido!

A data de 14 de Fevereiro de 1941 constituiu um marco na vida do Dr. Dias de Azevedo. Não se tratou duma conversão, mas duma descoberta.

Foi nesse dia que ele assistiu pela primeira vez a um êxtase da Beata Alexandrina. Recordando os fenómenos que observou, classificou-os de “impressionantes, maravilhosos, inolvidáveis”.

Ficou cativado, assombrado e rendido. Muito ia ter de lutar desde então, mas, como afirmaria, estava ali a “glória” da sua vida. Tinha na altura 47 anos.

Regressemos ao relato autobiográfico:

Fomos assistir aos tais fenómenos no dia 14/2/41. Eram impressionantes, maravilhosos, inolvidáveis, e não se poderá duvidar mais tarde do que agora afirmo, porque eles estão filmados para a posteridade ou para a ocasião que seja oportuna.

Mais do que a primeira visita, foram os êxtases que deixaram o médico tão vivamente impressionado.

Mas ainda há que ouvir algo mais:

No dia seguinte, a 15/2/41, escrevi ao Sr. Pe. Mariano Pinho o seguinte:

Irei mais vezes a Balasar e procurarei como médico estudar a doença da Alexandrina, doença que acompanha os dotes de que o Senhor a dotou. Essa doença, que deverá ser uma mielite lombar e que deverá ser registada por vários médicos, a meu ver, mais realça todos os fenómenos que se passam todas as sextas-feiras, principalmente no que diz respeito a movimentos.

 Uma alma a transbordar de Sobrenatural

O Dr. Dias de Azevedo registou ainda estes traços para um muito elogioso retrato da Beata Alexandrina:

Enquanto a fisionomias várias, compostura de movimentos, profundeza de conceitos teológicos e místicos expressos, tudo isso é simplesmente admirável. Nada, absolutamente nada do que se passa, quer sob o ponto de vista clínico quer sob o ponto de vista teológico, nos poderá permitir classificar de naturais os fenómenos que observamos. Depois, a sua vida humilde e despretensiosa, a sua falta de cultura, o seu equilíbrio de inteligência e maneiras, a sua resignação completa, humilde profunda, os seus rasgos de génio amiudados, tudo isto envolto numa simplicidade encantadora, dá provas manifestas de que se trata duma alma a transbordar de Sobrenatural.

O Dr. Augusto de Azevedo e a Alexandrina

Sobre a doença dela, não foi peremptório, mas apontou para a mielite lombar, ressalvando que deveria “ser registada por vários médicos”. 

O arauto

Escreveu o Pe. Humberto Pasquale que, em Dezembro de 1944, Jesus disse à Beata Alexandrina: “Faço do teu médico o arauto da minha causa”. Embora não tenhamos encontrado esta declaração nos Sentimentos da Alma, consideramos que ela faz todo o sentido e constitui uma nobilíssima tarefa atribuída a este sábio católico. Como se verá à frente, Jesus há-de chamar-lhe “procurador da minha divina causa”, “defensor da minha divina causa”.

Ele assumiu a função de arauto como coisa muito sua, sem regatear esforços, numa luta renhida, frequentemente espinhosa.

José Ferreira

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